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Palavras sobre o Mundo

Espaço destinado aos ecos, silêncios e construção do pensamento. Aos limites da racionalidade, mas sobretudo na reflexão sobre a grande pólis que embarcamos todos os dias, nesta vida. O mundo, seja bem-vindo.

Palavras sobre o Mundo

Espaço destinado aos ecos, silêncios e construção do pensamento. Aos limites da racionalidade, mas sobretudo na reflexão sobre a grande pólis que embarcamos todos os dias, nesta vida. O mundo, seja bem-vindo.

Venezuela , Churchill e Nós

por Tiago Aboim, em 01.08.17

 

Depois de uma longa ausência do blogue, regresso à escrita nos próximos tempos, voltando a utilizar  este espaço de crítica e reflexão sobre  geopolítica e os principais assuntos de política internacional.  

Neste artigo irei debruçar-me sobre o assunto que domina a atualidade política internacional, a situação política na Venezuela.

 

No passado domingo, realizaram-se "eleições para a Assembleia Constituinte", com o objetivo de tornar ainda mais absoluto, o poder do atual presidente. A situação venezuelana é manifestamente grave, com a imprevisibilidade a  ser o cenário mais certo, ousando descrever a presente situação como de iminente guerra civil, se é que ela já não começou, pelas vítimas que já se contabilizam por estes acontecimentos. 

O continente sul-americano é um terreno bastante fértil para experimentalismo político-ideológico, bastando verificar que durante o período da Guerra Fria, a maioria dos países tiveram convulsões políticas que culminaram em revoluções, que balançavam para o lado norte-americano ou soviético, como foi o caso do Chile ou de Cuba, respetivamente, ou noutros países desta região do mundo como Guatemala, Nicarágua, Panamá, Bolívia. 

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O "11 de setembro chileno" foi um dos acontecimentos mais negros da história chilena e até mesmo da América Latina, impondo ao Chile, um regime totalitário e opressor que vitimou milhares de chilenos durante o consulado de Pinochet, e que o Ocidente, nomeadamente os Estados Unidos e Reino Unido tentaram sair de uma forma muito silenciosa, mas que na realidade foi um inquieto silêncio ruidoso, preocupante e perturbador.  

Pode o leitor na sua liberdade de pensamento, afirmar que estou a fazer uma comparação entre as revoluções em Cuba e no Chile com a situação na Venezuela, e na realidade estou. Embora volvidos mais de 60 anos da revolução de Castro e de Che em Cuba e de 44 anos do golpe de estado chileno, o que estamos a assistir é a uma revolução em marcha. Um golpe constitucional, com o intuito de maximizar o poder na figura do Presidente,uma república constitucional absoluta, em que nada  é democrático. 

Por outro lado, a perspetiva sócio-económica com elevados níveis de pobreza, de desemprego, mas sobretudo um flagelo preocupante e inimaginável, a fome. O racionamento alimentar que vigora, é sem dúvida a maiores das inquietações de um povo sedento de liberdade e do seu próprio bem-estar. 

As imagens a que assistimos na televisão diariamente, revelam um autêntico cenário de guerra civil, com as fortes cargas policiais sobre aqueles que defendem um outro caminho, fazemdo-nos lembrar outros tempos, sombrios e escuros, que alguns povos sentiram e sofreram. A perseguição e prisão de todos aqueles que se opõem ao regime, é uma forma de totalitarismo que nos faz lembrar no continente europeu a Revolta de Budapeste em 1956 ou até mesmo os acontecimentos do ano passado na Turquia e até mesmo Portugal antes de 1974.

Os ecos de Caracas podem ser escutados em alguns países da América Latina, desencadeando possíveis modificações na Geopolítica deste continente, nomeadamente no Brasil, onde a qualquer momento poderemos vir a ter uma situação muito semelhante, perante o estado temeroso em que se encontr, onde o rastilho venezuelano, pode ser o impulso para a ebulição política que o maior país da América Latina deverá sentir com uma ainda maior intensidade.

Winston Churchill afirmou  na Câmara dos Comuns, em 11 de novembro de 1947: "A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todos os outros já experimentados ao longo da história". E eis que aqui, esta frase do antigo Primeiro Ministro britânico, faz todo o sentido. Não devemos nunca em nome do povo, limitar os anseios, sonhos e as suas próprias vontades. Toda a forma, que reprime esta forma de agir, não é democracia, é aquela palavra que o leitor está a pensar.

Não a escrevo, porque nem consigo imaginar o que seria a minha vida sem liberdade e democracia, em que o meu pensamento seria oprimido, os meus dedos seriam cortados e a minha vida limitada, encarcerando os meus próprios sonhos. 

A Liberdade deve ser um estado perpétuo do ser humano, mas ainda existe quem seja condenado perpetuamente, por lutar por ela.

 

 

 

 

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