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Palavras sobre o Mundo

Espaço destinado aos ecos, silêncios e construção do pensamento. Aos limites da racionalidade, mas sobretudo na reflexão sobre a grande pólis que embarcamos todos os dias, nesta vida. O mundo, seja bem-vindo.

Palavras sobre o Mundo

Espaço destinado aos ecos, silêncios e construção do pensamento. Aos limites da racionalidade, mas sobretudo na reflexão sobre a grande pólis que embarcamos todos os dias, nesta vida. O mundo, seja bem-vindo.

1989.

por Tiago Aboim, em 02.11.19

Quando escrevo a data do meu nascimento sinto sempre uma espécie de arrepio. Talvez por ter nascido no ano de 1989, aquele ano extraordinário, em que finalmente se quebrou uma das últimas barreiras daquela Europa ainda acorrentada pela guerra fria.  Este ano, esta data, não pode ser descurada por nenhuma pessoa, sobretudo os amantes da Liberdade, aqueles que gritam pelo Futuro e acordam com a certeza de que somos movidos pelo sonho. Não se trata apenas de uma data para figurar nos livros de História, como apenas mais uma data para decorar ou simplesmente o triunfo de uma determinada visão(política, económica, cultural, social) do mundo sobre outra, nada disso! É tudo mais que política, é o reerguer de um sonho, é  o renascer de um novo amanhecer, é o triunfo dos seres que lutam pela felicidade. O walkman que tocava vezes sem conta "Wind of Change" daqueles jovens que ansiavam pela mudança, pelo futuro, pintavam na tela os seus sonhos e o sonho maior: liberdade. Berlim despertou vezes sem conta para que o amanhecer fosse diferente, fosse colorido, sorridente e triunfante, naquelas ruas cravadas ainda pelo medo e pela cólera de uma guerra mundial que contagiou e vitimou milhões de pessoas. Um património humano e cultural que sucumbiu pelo som tenebroso e o grito da angústia das balas, das bombas e do terror. 

Mais tarde, ergue-se aquela que é maior barreira de todas : O muro(!). Aquela coisa que tantas vezes na nossa vida  criamos, mesmo que de forma imaginária, mas que durante 28 anos foi real e serviu como uma barreira a todos aqueles que só queriam apenas um pouco daquilo que lhes foi tirado. Muitos foram aqueles que caíram ao som das balas na sua incessante batalha, como soldados que tombam numa guerra e que se tornam mártires da sua própria causa, a nossa causa maior. 

Um dia, em casa, alguém que muito amo deu-me um livro e pediu-me para procurar o principal acontecimento que tinha ocorrido no ano em que eu nasci. Eu com o entusiasmo de tenra idade, encontrei: A queda do muro de Berlim. Impressionado e assustado, perguntei: Berlim, teve um muro? Essa pessoa respondeu-me afirmativamente e daí contou-me a história desse muro. Aí percebi o significado de liberdade e de sonho. Gravo na minha memória de forma perpétua aquele dia cinzento, chuvoso, que ainda hoje me acalenta a alma e o coração e me levou ao sonho que hoje realizo. 

Volvidos quase trinta anos  desse dia, ao ver as imagens da queda do muro, vejo ainda no olhar daquela pessoa que me deu a vida  a imaginação de todos os dias, o mesmo sorriso,  a sua forma de ser que muito me inspira em todos estes dias, na estrada que denominamos, de vida. "Ergue pontes e nunca muros, acalenta o teu sonho e o sonho dos que amas e daqueles que formarás enquanto cidadãos do mundo". Aquele olhar, é a esperança que tenho em cada dia que passa nesta vida e na outra.

Perguntar-me-á o leitor quem é a essa pessoa? Eu respondo: a minha mãe, o berço da minha Liberdade.  

 

 

 

 

Venezuela , Churchill e Nós

por Tiago Aboim, em 01.08.17

 

Depois de uma longa ausência do blogue, regresso à escrita nos próximos tempos, voltando a utilizar  este espaço de crítica e reflexão sobre  geopolítica e os principais assuntos de política internacional.  

Neste artigo irei debruçar-me sobre o assunto que domina a atualidade política internacional, a situação política na Venezuela.

 

No passado domingo, realizaram-se "eleições para a Assembleia Constituinte", com o objetivo de tornar ainda mais absoluto, o poder do atual presidente. A situação venezuelana é manifestamente grave, com a imprevisibilidade a  ser o cenário mais certo, ousando descrever a presente situação como de iminente guerra civil, se é que ela já não começou, pelas vítimas que já se contabilizam por estes acontecimentos. 

O continente sul-americano é um terreno bastante fértil para experimentalismo político-ideológico, bastando verificar que durante o período da Guerra Fria, a maioria dos países tiveram convulsões políticas que culminaram em revoluções, que balançavam para o lado norte-americano ou soviético, como foi o caso do Chile ou de Cuba, respetivamente, ou noutros países desta região do mundo como Guatemala, Nicarágua, Panamá, Bolívia. 

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O "11 de setembro chileno" foi um dos acontecimentos mais negros da história chilena e até mesmo da América Latina, impondo ao Chile, um regime totalitário e opressor que vitimou milhares de chilenos durante o consulado de Pinochet, e que o Ocidente, nomeadamente os Estados Unidos e Reino Unido tentaram sair de uma forma muito silenciosa, mas que na realidade foi um inquieto silêncio ruidoso, preocupante e perturbador.  

Pode o leitor na sua liberdade de pensamento, afirmar que estou a fazer uma comparação entre as revoluções em Cuba e no Chile com a situação na Venezuela, e na realidade estou. Embora volvidos mais de 60 anos da revolução de Castro e de Che em Cuba e de 44 anos do golpe de estado chileno, o que estamos a assistir é a uma revolução em marcha. Um golpe constitucional, com o intuito de maximizar o poder na figura do Presidente,uma república constitucional absoluta, em que nada  é democrático. 

Por outro lado, a perspetiva sócio-económica com elevados níveis de pobreza, de desemprego, mas sobretudo um flagelo preocupante e inimaginável, a fome. O racionamento alimentar que vigora, é sem dúvida a maiores das inquietações de um povo sedento de liberdade e do seu próprio bem-estar. 

As imagens a que assistimos na televisão diariamente, revelam um autêntico cenário de guerra civil, com as fortes cargas policiais sobre aqueles que defendem um outro caminho, fazemdo-nos lembrar outros tempos, sombrios e escuros, que alguns povos sentiram e sofreram. A perseguição e prisão de todos aqueles que se opõem ao regime, é uma forma de totalitarismo que nos faz lembrar no continente europeu a Revolta de Budapeste em 1956 ou até mesmo os acontecimentos do ano passado na Turquia e até mesmo Portugal antes de 1974.

Os ecos de Caracas podem ser escutados em alguns países da América Latina, desencadeando possíveis modificações na Geopolítica deste continente, nomeadamente no Brasil, onde a qualquer momento poderemos vir a ter uma situação muito semelhante, perante o estado temeroso em que se encontr, onde o rastilho venezuelano, pode ser o impulso para a ebulição política que o maior país da América Latina deverá sentir com uma ainda maior intensidade.

Winston Churchill afirmou  na Câmara dos Comuns, em 11 de novembro de 1947: "A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todos os outros já experimentados ao longo da história". E eis que aqui, esta frase do antigo Primeiro Ministro britânico, faz todo o sentido. Não devemos nunca em nome do povo, limitar os anseios, sonhos e as suas próprias vontades. Toda a forma, que reprime esta forma de agir, não é democracia, é aquela palavra que o leitor está a pensar.

Não a escrevo, porque nem consigo imaginar o que seria a minha vida sem liberdade e democracia, em que o meu pensamento seria oprimido, os meus dedos seriam cortados e a minha vida limitada, encarcerando os meus próprios sonhos. 

A Liberdade deve ser um estado perpétuo do ser humano, mas ainda existe quem seja condenado perpetuamente, por lutar por ela.

 

 

 

 

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