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Palavras sobre o Mundo

Espaço destinado aos ecos, silêncios e construção do pensamento. Aos limites da racionalidade, mas sobretudo na reflexão sobre a grande pólis que embarcamos todos os dias, nesta vida. O mundo, seja bem-vindo.

Palavras sobre o Mundo

Espaço destinado aos ecos, silêncios e construção do pensamento. Aos limites da racionalidade, mas sobretudo na reflexão sobre a grande pólis que embarcamos todos os dias, nesta vida. O mundo, seja bem-vindo.

Trump e as suas sombras

por Tiago Aboim, em 16.08.17

Os recentes acontecimentos na cidade de Charlottesville, são de uma enorme gravidade na medida em que os seus ecos podem contagiar a Europa. Uma ideia de supremacia branca, o erguer bandeiras nazis ou uma simples saudação, arrepia qualquer um e estremece o coração de qualquer cidadão que paute pelos valores da tolerância, solidariedade e respeito pelas etnias pelas diferenças. 

Trump encontra-se perdido, por um lado, num discurso de apaziguamento que não é mais que uma tentativa de desresponsabilização pela sua inoperância, enquanto chefe dos Estados Unidos. Por outro, no plano económico assume a função de CEO de uma empresa multinacional, vangloriando-se dos êxitos, como sendo da sua responsabilidade, mesmo que para esse êxito sejam revertidas políticas que visam pôr em causa a sustentabilidade e até mesmo as preocupações ambientais. Estes dois conceitos surgem mesmo como tabus na sua administração. Rasgar o Acordo de Paris,constituirá um profundo retrocesso para o equilíbrio global que tanto precisamos, na medida em que depois do fracasso de Quioto, Paris surgiu como uma derradeira oportunidade para os decisores políticos salvarem o planeta. 

Quanto à relação com o exterior, apesar de oito anos em que os Estados Unidos abandonaram, de forma direta - intervencionista em alguns pontos do globo, não deve ser deixado de salientar que os dossiers Síria, Iraque, Afeganistão, Líbia e Egito foram o calcanhar de Aquiles na Administração Obama, apoiando de uma forma indireta alguns grupos, que em nada  se revêm nos princípios da democracia ou desconhecendo qual a sua proposta politica para o país.

Não sendo favorável  a qualquer tipo de intervenção militar, excetuando no caso de ser suportado por via de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a intervenção na Síria era é absolutamente indispensável, pelas atrocidades aí cometidas, ou diria mesmo, os genocídios, os crimes contra a humanidade que daí decorreram e decorrem. Por muito que os nossos olhos possam estar neste momento na atual situação na península coreana ou na Venezuela, não devemos esquecer nunca  Aleppo. Os olhos do mundo não se devem desviar do que aí ocorre, a preocupação deve ser constante e continua.

A administração Trump, assume o caráter bélico como uma hipótese e até mesmo a solução, com vista à resolução dos presentes focos de tensão existentes, desconhecendo os riscos que um novo conflito possa trazer.  Tal como já escrevi, o mundo vive um dos períodos mais tensos desde 1945, um autêntico contrarrelógio, onde o limite parece ser um mero obstáculo que facilmente é ultrapassado. Para já, não assistimos ao som das armas, mas o ruído que é provocado estremece as nossas vidas.  

Preocupa-me que do outro lado do Atlântico, haja uma ausência de responsabilização e de uma certa passividade perante posições que põem em causa os princípios fundadores da sociedade a que hoje pertencemos. Os recentes acontecimentos nos EUA servirão de farol inspirador, para a (re) issurgência de movimentos, como  o caso polaco, checo, húngaro que são terrenos férteis para a propagação destas ideias. Não devemos olhar para estes fenómenos, como atividade isoladas ou espontâneas, mas como um alerta para a fragilidade do modelo político, social e económico que vigora na Europa desde o colapso soviético. Faz sentido compreender que estes movimentos surgem pela ausência de resposta às principais preocupações dos cidadãos, pelo sentimento de desconfiança face às instituições e até mesmo nos partidos políticos, que são um pilar fundamental para a consolidação democrática, mas que muitos encaram como os responsáveis pela atual situação, que hoje vivemos.

A democracia não é um estado permanente, cabe-nos consolidar e até mesmo aprofundar com vista ao seu reforço, com todos e para todos.  

 

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